sábado, 17 de novembro de 2012

A Revolta da Chibata

Em 1910, no Rio de Janeiro, marinheiros negros, revoltados com o trabalho forçado e com os maus tratos a que eram submetidos, lutaram (e muitos morreram) por seus direitos.
            No início do século XX, a marinha brasileira ainda usava a chibata, herança da escravidão, como instrumento de punição aos marinheiros. Estes, em sua maioria negros e pobres, eram recrutados contra a vontade e obrigados a trabalhar durante três anos. Além do trabalho duro, do salário insignificante e da péssima refeição de bordo, os marujos eram punidos, a chibatadas, por qualquer comportamento que fosse considerado inadequado por seus superiores.
Em 16 de novembro de1910, a situação, entretanto, começou a mudar. O marujo Marcelino Rodrigues Menezes feriu um cabo com um navalha e, como castigo, recebeu 25 chibatadas. O fato revoltou os marinheiros, que já estavam cansados daquele tipo de castigo.
O marinheiro João Cândido Felisberto, o “Almirante Negro”, foi quem liderou a revolta dos marinheiros. Os marujos prenderam os oficiais e assumiram o controle de algumas embarcações da Marinha de Guerra, ancoradas na Bahia de Guanabara, que tinham grande poder de fogo. Eles ameaçavam bombardear o Rio de Janeiro se suas reivindicações não fossem atendidas. Eram elas: fim de castigos corporais, principalmente os aplicados com a chibata; redução da jornada de trabalho, aumento de salário, melhoria da alimentação e anistia para os rebeldes.
O Marechal Hermes da Fonseca concordou em atender a todas as reivindicações dos marinheiros e conseguiu que eles rendessem e entregassem os navios. A promessa, entretanto, não foi cumprida. Três dias depois, o ministro da marinha expulsou da corporação os que encabeçaram a revolta.
Em dezembro do mesmo ano, o “Almirante Negro” liderou uma nova revolta, também no Rio de Janeiro. O governo reagiu de forma violenta: vários marinheiros foram presos, outros foram fuzilados durante a viagem. O “Almirante Negro” ficou numa cela por 18 meses, depois foi internado num hospício – apesar dos médicos afirmarem que ele não era louco. Em 1914, foi libertado, viveu numa favela e morreu miserável em 1969.

Texto escrito por Mestre Adriano Bernardino,
extraído da Revista Praticando Capoeira ano II, nº15

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