Em 1910,
no Rio de Janeiro, marinheiros negros, revoltados com o trabalho forçado e com
os maus tratos a que eram submetidos, lutaram (e muitos morreram) por seus
direitos.
No
início do século XX, a marinha brasileira ainda usava a chibata, herança da
escravidão, como instrumento de punição aos marinheiros. Estes, em sua maioria
negros e pobres, eram recrutados contra a vontade e obrigados a trabalhar
durante três anos. Além do trabalho duro, do salário insignificante e da
péssima refeição de bordo, os marujos eram punidos, a chibatadas, por qualquer
comportamento que fosse considerado inadequado por seus superiores.
Em 16 de novembro
de1910, a situação, entretanto, começou a mudar. O marujo Marcelino Rodrigues
Menezes feriu um cabo com um navalha e, como castigo, recebeu 25 chibatadas. O
fato revoltou os marinheiros, que já estavam cansados daquele tipo de castigo.
O marinheiro João
Cândido Felisberto, o “Almirante Negro”, foi quem liderou a revolta dos
marinheiros. Os marujos prenderam os oficiais e assumiram o controle de algumas
embarcações da Marinha de Guerra, ancoradas na Bahia de Guanabara, que tinham
grande poder de fogo. Eles ameaçavam bombardear o Rio de Janeiro se suas
reivindicações não fossem atendidas. Eram elas: fim de castigos corporais,
principalmente os aplicados com a chibata; redução da jornada de trabalho,
aumento de salário, melhoria da alimentação e anistia para os rebeldes.
O Marechal Hermes da Fonseca concordou
em atender a todas as reivindicações dos marinheiros e conseguiu que eles
rendessem e entregassem os navios. A promessa, entretanto, não foi cumprida.
Três dias depois, o ministro da marinha expulsou da corporação os que
encabeçaram a revolta.
Em dezembro do mesmo
ano, o “Almirante Negro” liderou uma nova revolta, também no Rio de Janeiro. O
governo reagiu de forma violenta: vários marinheiros foram presos, outros foram
fuzilados durante a viagem. O “Almirante Negro” ficou numa cela por 18 meses,
depois foi internado num hospício – apesar dos médicos afirmarem que ele não
era louco. Em 1914, foi libertado, viveu numa favela e morreu miserável em
1969.
Texto escrito por
Mestre Adriano Bernardino,
extraído da Revista
Praticando Capoeira ano II, nº15
Gostei muito do texto e pra mim todos eles morreram como viveram, como heróis.
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