quarta-feira, 29 de junho de 2011

Breve resumo de algumas informações gerais sobre a História da Capoeira. (Material de base para estudo)


CAPOEIRA: É Luta, Dança, Manifestação Cultural e Esportiva de origem afro- brasileira.

Significado da palavra Capoeira: José de Alencar (1880): vem do Tupi caa-apuam-era, ilha de mato já cortado.

Beaurepaire: tupi: co-puera- roça velha

Macedo Soares: propondo o guarani caá-puera, mato miúdo, que nasceu no lugar de mato virgem, que foi cortado.

Em resumo: Matos que foram cortados, matos ralos, rasteiros.

Linha do Tempo da Capoeira:

Capoeira Primitiva/ Capoeira Angola/ Capoeira Regional/ Capoeira Contemporânea

Capoeira Primitiva: Sem estilo Definido. Simplesmente Capoeira, que foi criada em solos brasileiros pelos negros na época da escravidão.

Capoeira, uma luta que nasceu em ânsia de liberdade para combater a desigualdade, os maus-tratos e a busca da liberdade não só do corpo, como também dos costumes, da religião, da cultura, da mente e do espírito.

Capoeira Angola: Capoeira Tradicional, considerada como a capoeira Mãe, difundida por Vicente Ferreira Pastinha (Mestre Pastinha). Estilo de caráter lúdico, teatral, jogo rasteiro, lento que busca sempre o rosto do adversário, neste estilo de capoeira são utilizadas as chamadas, paradas de angola, passo a dois. Apesar de ser um jogo lento é uma luta que pode ser fatal.

Capoeira Regional: A Capoeira Regional foi criada em 1928, por Manoel dos Reis Machado (Mestre Bimba). Estilo de caráter desportivo luta, com golpes velozes e objetivos, jogo alto, rápido, com quedas bruscas, movimentos ligados a cintura desprezada (balões).

Capoeira Contemporânea: “Capoeira Moderna”, “novo estilo”, atual, com forte presença de saltos e movimentos de solo, alguns introduzem no jogo da capoeira golpes e movimentos de outras artes marciais. Além disto, a capoeira está sendo utilizada atualmente em algumas academias de ginástica também como capo-jitsu, hidrocapoeira entre outros. Na década de 90, tentaram se aproximar da capoeira angola, o que está gerando conflitos, angoleiros e contemporâneos se diferem dos que jogam exclusivamente Angola.

Zumbi dos Palmares

O Quilombo dos Palmares (localizado na atual região de União dos Palmares, Alagoas) era uma comunidade auto-sustentável, um reino (ou república na visão de alguns) formado por escravos negros que haviam escapado ou sido raptados de outras fazendas, prisões e senzalas brasileiras. Ele ocupava uma área próxima ao tamanho de Portugal e situava-se onde era o interior de Pernambuco, hoje estado de Alagoas. Naquele momento sua população alcançava por volta de trinta mil pessoas.

Zumbi nasceu em Palmares, Alagoas, livre, no ano de 1655, mas foi capturado e entregue a um missionário português quando tinha aproximadamente seis anos. Batizado 'Francisco', Zumbi recebeu os sacramentos, aprendeu português e latim, e ajudava diariamente na celebração da missa. Apesar destas tentativas de aculturá-lo, Zumbi escapou em 1670 e, com quinze anos, retornou ao seu local de origem. Zumbi se tornou conhecido pela sua destreza e astúcia na luta e já era um estrategista militar respeitável quando chegou aos vinte e poucos anos.

Por volta de 1678, o governador da Capitania de Pernambuco cansado do longo conflito com o Quilombo de Palmares, se aproximou do líder de Palmares, Ganga Zumba, com uma oferta de paz. Foi oferecida a liberdade para todos os escravos fugidos se o quilombo se submetesse à autoridade da Coroa Portuguesa; a proposta foi aceita, mas Zumbi rejeitou a proposta do governador e desafiou a liderança de Ganga Zumba. Prometendo continuar a resistência contra a opressão portuguesa, Zumbi tornou-se o novo líder do quilombo de Palmares.

Quinze anos após Zumbi ter assumido a liderança, o bandeirante paulista Domingos Jorge Velho foi chamado para organizar a invasão do quilombo. Em 6 de fevereiro de 1694 a capital de Palmares foi destruída e Zumbi ferido. Apesar de ter sobrevivido, foi traído por Antonio Soares, e surpreendido pelo capitão Furtado de Mendonça em seu reduto (talvez a Serra Dois Irmãos). Apunhalado, resiste, mas é morto com 20 guerreiros quase dois anos após a batalha, em 20 de novembro de 1695. Teve a cabeça cortada, salgada e levada ao governador Melo e Castro. Em Recife, a cabeça foi exposta em praça pública, visando desmentir a crença da população sobre a lenda da imortalidade de Zumbi.

Em 14 de março de 1696 o governador de Pernambuco Caetano de Melo e Castro escreveu ao Rei: "Determinei que pusessem sua cabeça em um poste no lugar mais público desta praça, para satisfazer os ofendidos e justamente queixosos e atemorizar os negros que supersticiosamente julgavam Zumbi um imortal, para que entendessem que esta empresa acabava de todo com os Palmares.”

Legalização da Capoeira

Mestre Bimba e Getúlio Vargas

Legalização da Capoeira: Em 1937, pelo Presidente Getúlio Vargas, através de Mestre Bimba que foi convidado pelo governador da Bahia, General Juracy Magalhães, para fazer uma apresentação de capoeira junto com seus alunos no Palácio do Governador.


1889- Proclamação da República:

1889- Proclamação da República: Foi quando a República foi Proclamada, por Marechal Deodoro da Fonseca, uma das primeiras ordens era que exterminassem os capoeiristas e assim a capoeira passou a ser Proibida, perseguida e vista como crime.

Para cuidar da questão dos capoeiras foi nomeado Sampaio Ferraz para chefe de polícia e o encarregou de eliminar todos os capoeiras . Para auxiliar neste combate fez uma mudança no código criminal. No decreto 847 de 1890 é intitulado “dos vadios e capoeiras”.

Artigo 402: Fazer nas ruas e praças públicas exercícios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela denominação de capoeiragem: andar em correrias com armas ou instrumentos capazes de produzir uma lesão corporal, provocando tumulto ou desordens, ameaçando pessoa certa ou incerta, ou incutindo temor de algum mal. Pena: prisão celular de 2 a 6 meses.

Parágrafo único: É considerado circunstância agravante pertencer o capoeira a algum bando ou malta. Aos chefes e cabeças, impor-se à pena em dobro.

A importância da Musicalidade dentro da Capoeira

É através da música, dos toques, ritmo dos instrumentos e das palmas, que se determina o estilo de jogo que vai ser realizado, a capoeira é a única luta que se utiliza da música para a sua prática. A musicalidade dá vida à capoeira e proporciona um caráter lúdico, desafiador dependendo da ocasião, além de mandar recados, ou seja, de falar aos membros da roda, através das letras das músicas

Mestre Pastinha

Vicente Ferreira Pastinha (Salvador, 5 de abril de 1889 — Salvador, 13 de novembro de 1981), foi um dos principais mestres de Capoeira da história. Mais conhecido por Mestre Pastinha, nascido em 1889 dizia não ter aprendido a Capoeira em escola, mas "com a sorte". Afinal, foi o destino o responsável pela iniciação do pequeno Pastinha no jogo, ainda garoto. Em depoimento prestado no ano de 1967, no 'Museu da Imagem e do Som', Mestre Pastinha relatou a história da sua vida: "Quando eu tinha uns dez anos - eu era franzininho - um outro menino mais taludo do que eu tornou-se meu rival. Era só eu sair para a rua - ir na venda fazer compra, por exemplo - e a gente se pegava em briga. Só sei que acabava apanhando dele, sempre. Então eu ia chorar escondido de vergonha e de tristeza." A vida iria dar ao moleque Pastinha a oportunidade de um aprendizado que marcaria todos os anos da sua longa existência.

"Um dia, da janela de sua casa, um velho africano assistiu a uma briga da gente. Vem cá, meu filho, ele me disse, vendo que eu chorava de raiva depois de apanhar. Você não pode com ele, sabe, porque ele é maior e tem mais idade. O tempo que você perde empinando raia vem aqui no meu cazuá que vou lhe ensinar coisa de muita valia. Foi isso que o velho me disse e eu fui". Começou então a formação do mestre que dedicaria sua vida à transferência do legado da Cultura Africana a muitas gerações. Segundo ele, a partir deste momento, o aprendizado se dava a cada dia, até que aprendeu tudo. Além das técnicas, muito mais lhe foi ensinado por Benedito, o africano seu professor. "Ele costumava dizer: não provoque, menino, vai botando devagarinho ele sabedor do que você sabe (…). Na última vez que o menino me atacou fiz ele sabedor com um só golpe do que eu era capaz. E acabou-se meu rival, o menino ficou até meu amigo de admiração e respeito."

Foi na atividade do ensino da Capoeira que Pastinha se distinguiu. Ao longo dos anos, a competência maior foi demonstrada no seu talento como pensador sobre o jogo da Capoeira e na capacidade de comunicar-se. Os conceitos do mestre Pastinha formaram seguidores em todo Brasil. A originalidade do método de ensino, a prática do jogo enquanto expressão artística formaram uma escola que privilegia o trabalho físico e mental para que o talento se expanda em criatividade. Foi o maior propagador da Capoeira Angola, modalidade "tradicional" do esporte no Brasil.

Em 1941, fundou a primeira escola de capoeira legalizada pelo governo baiano, o Centro Esportivo de Capoeira Angola (CECA), no Largo do Pelourinho, na Bahia. Hoje, o local que era a sede de sua academia é um restaurante do Senai.

Em 1966, integrou a comitiva brasileira ao primeiro Festival Mundial de Arte Negra no Senegal, e foi um dos destaques do evento. Contra a violência, o Mestre Pastinha transformou a capoeira em arte. Em 1965, publicou o livro Capoeira Angola, em que defendia a natureza desportista e não-violenta do jogo.

Entre seus alunos estão Mestres como João Grande, João Pequeno, Curió, Bola Sete (Presidente da Associação Brasileira de Capoeira Angola), entre muitos outros que ainda estão em plena atividade. Sua escola ganhou notoriedade com o tempo, frequentada por personalidades como Jorge Amado, Mário Cravo e Carybé, cantada por Caetano Veloso no disco Transa (1972). Apesar da fama, o "velho Mestre" terminou seus dias esquecido. Expulso do Pelourinho em 1973 pela prefeitura, sofreu dois derrames seguidos, que o deixaram cego e indefeso. Morreu aos 93 anos.

Vicente Ferreira Pastinha morreu no ano de 1981. Durante décadas dedicou-se ao ensino da Capoeira. Mesmo completamente cego, não deixava seus discípulos. E continua vivo nos capoeiras, nas rodas, nas cantigas, no jogo. "Tudo o que eu penso da Capoeira, um dia escrevi naquele quadro que está na porta da Academia. Em cima, só estas três palavras: Angola, capoeira, mãe. E embaixo, o pensamento:

"Mandinga de escravo em ânsia de liberdade, seu princípio não tem método e seu fim é inconcebível ao mais sábio capoeirista."

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Mestre Bimba

“Mestre Bimba – Manoel dos Reis Machado – nasceu em Salvador em 23 de novembro de 1900, no bairro de Engenho Velho de Brotas, em Salvador, Bahia e recebeu o seu apelido devido a uma aposta feita entre a parteira e a sua mãe: a mãe dizia que seria uma menina e a parteira, convicta pelo seu conhecimento, dizia ser macho. Na hora do nascimento, surgiu a expressão: “GANHEI A APOSTA O CABRA TEM BIMBA E CACHO”! O apelido já nasceu com ele. Foi iniciado na capoeira aos doze anos de idade por um africano – Bentinho -, capitão da Cia. Baiana de Navegação, no que é hoje o bairro da Liberdade.

Mestre Bimba era um dos capoeiristas mais conceituados de sua época, pois, era muito carismático, excelente lutador e temido por alguns, pois em inúmeros desafios e combates públicos, havia sido derrotado. Mesmo sendo um “cantador” e percussionista admirável, era discriminado por grande parte dos artistas e intelectuais de Salvador (por ter criado a Capoeira Regional), porém era muito venerado por seus alunos.

Aos 29 anos de idade, o próprio Mestre Bimba contava: “Em 1928, eu criei, completa, a Regional, que é o batuque misturado com a Angola, com mais golpes, uma verdadeira luta, boa para o físico e para a mente”. Assim nasceu a Capoeira Regional Baiana.

Bimba ao decorrer dos anos e de sua experiência foi moldando a capoeira de ataque e defesa usada por desordeiros e pessoas de classes mais humildes, numa luta com método de ensino próprio, tornando-a um verdadeiro curso de Educação Física e criando rituais como: Batizado, Formatura e Especialização, seguindo padrões sociais e acadêmicos, pela própria nomenclatura.

Antes de ir para Goiânia, Bimba formou sua última turma, uma formatura muito comentada chamada 'formatura do adeus', depois deste evento ele deixou a Bahia dizendo 'Não voltarei, mas aqui, nunca fui lembrado pelos poderes públicos; se não gozar nada em Goiânia, vou gozar do cemitério. ' Depois que ele se foi veio a Salvador apenas duas vezes e dizendo que estava tudo bem, mas dona Nair nos disse 'ele foi enganado. Não volta porque é orgulhoso'. Em 05 de fevereiro de 1974 um ano depois que deixou a Bahia, morria o mestre Bimba e foi enterrado em Goiânia. Transladar os restos mortais de Goiânia para Salvador foi difícil mas em 1978 este fato ocorreu, os seus alunos achavam que o lugar dele era Bahia "ídolo não se pertence, pertence ao seu Público”

Pesquisa de: Fayson Rodrigo Merege Barbosa

quarta-feira, 22 de junho de 2011

MESTRE LEOPOLDINA- DEMERVAL LOPES DE LACERDA

Demerval Lopes de Lacerda, conhecido como Mestre Leopoldina, nasceu em 12 de fevereiro de 1933. Começou a aprender a capoeira aos 18 anos, com o Quinzinho, um jovem malandro carioca, valente, temido e respeitado na região da central do Brasil (RJ). Um ano depois, Quinzinho foi preso e assassinado na prisão. Leopoldina sumiu por uns tempos, e treinava sozinho, até que soube que Valdemar Santana, lutador bastante conhecido na época, trouxera da Bahia um capoeirista de nome Artur Emídio. Leopoldina foi apresentado a Artur, que o convidou para jogar. “Fui lá, meio envergonhado, e fiz aquilo que o finado Quinzinho tinha me ensinado. No começo a coisa correu bem, mas aos poucos Artur começou a crescer, e era pernada por tudo que era lado, e percebi que ele era mais fera ainda que o Quinzinho”. Foi assim que Leopoldina, aprendiz da capoeira carioca, foi apresentado a capoeira baiana. Leopoldina continuou aprendendo com Mestre Artur Emídio, e hoje é Mestre consagrado, muito respeitado, tanto por seu jogo, quanto pela habilidade com o berimbau, e por suas composições, admiradas e cantadas em todo Brasil. É uma das maiores expressões da capoeira antiga, cheia de malandragem e mandinga. É dono de uma simpatia e um carisma enormes e já cunhou frases pitorescas do repertório da capoeira, como esta, que nos foi revelada uma vez em Guaratinguetá: “ a capoeira á a maçonaria da malandragem!”.

Em 2007, foi lançado o documentário “Mestre Leopoldina: A Fina Flor da Malandragem”, com depoimentos do próprio Mestre.

Faleceu em 17 de outubro de 2007 em São José do Campos/ SP, deixando muita tristeza e saudade nos corações de todos os capoeiristas.

M. Leopoldina escreveu essa famosa ladainha:

Alguém me disse
Que pareço Ganga Zumbi
Óia lá, foi o Rei lá dos Palmares
E outros já me disseram
Que na outra encarnação
Eu era rico, muito rico
Eu tinha muita fazenda
E grande canavial
E eu era bom patrão
Só mulher eu tinha nove (bis)
Com idades variadas
E hoje, o que eu tenho?
Nem sequer tenho casa pra morar
Nem dinheiro pra gastar
Mas tenho a Graça Divina
Que é minha companheira
Óia, eu tenho a capoeira
E essa grande amizade
Dentro do meu coração, camará...

Iê! Viva Leopoldina!

Comentário da Professora Cristiane (Professoras Bebezonas), a respeito do Documentário a Fina Flor da Malandragem - Mestre Leopoldina.

Tive a oportunidade e a honra de assistir ao documentário A Fina Flor da Malandragem sobre a Vida de Mestre Leopoldina, achei um conteúdo muito rico em informações não só em experiência de capoeira como também de vida.

O que eu gostaria de ressaltar aqui é algo de muito valor e importância que é o carinho, respeito, admiração, consideração, dedicação e cuidado que os Mestres Tinta Forte e Pavão tiveram para com o Mestre Leoplodina. Particularmente me emocionei muito com o trecho do documentário em que Mestre Leopoldina ao partir o bolo de aniversário dá os primeiros pedaços aos Mestres Tinta Forte e Pavão e comenta que os mesmos nunca se esqueceram dele e Mestre Leopoldina chora ao se referir ao gesto de carinho dos mestres em relação a ele e esta cena é marcada por um abraço sincero do Mestre Pavão no Saudoso Mestre Leopoldina.

Meu Axé e o meu respeito aos Mestres Tinta Forte e Pavão, por serem não só bons e grandes capoeiristas mais também são exemplos para todos nós com estes gestos de Humanidade, Amor, Respeito, Solidariedade e Reconhecimento ao mestre Leopoldina esta Estrela da Velha Guarda da Capoeira! Axé!!!

MESTRE LEOPOLDINA, A FINA FLOR DA MALANDRAGEM

Relação da Capoeira com o Arquétipo do Malandro no Rio de Janeiro.

O Documentário MESTRE LEOPOLDINA - a fina flor da malandragem será narrado através da lendária figura viva de Mestre Leopoldina, sua vida, suas histórias e sua importância para o universo da Capoeira.
Seu arquivo pessoal de fotos, jornais e vídeos que ilustram momentos de sua trajetória profissional como exímio capoeirista, músico, compositor , cantor de músicas de capoeira , showman, participando ainda de espetáculos de teatro, documentários para tv e de escolas de samba no Brasil no mundo.
Mestre Leo narra sua história na primeira pessoa, de modo a trazer para o espectador a emoção e a reflexão de sua filosofia de vida.
Através de seu relato, o documentário nos revela que a Capoeira, prática pertinente à identidade cultural dos afro-descendentes e brasileiros em geral, tem uma filosofia própria e vem ganhando um significado e uma importância que ainda não foram devidamente valorizados, apesar de sua crescente popularidade, especialmente entre os jovens - calcula-se 500 mil praticantes de capoeira espalhados hoje por todo o Brasil e mais 50 mil pelo mundo, principalmente Europa e EUA.
O filme tem como referência o modelo de comportamento do "Malandro Carioca", "herdeiro solitário e destronado das maltas de antigamente" em seu processo de evolução até o "malandro redimido" . O filme destaca a importância deste arquétipo, constatando que ele povoa o imaginário brasileiro, a ponto de surgir na religião da Umbanda, uma "linha de malandros" dirigidos pelo sr. Zé Pelintra, que vem dar conselhos aos vivos.
A cidade do Rio de Janeiro é pano de fundo para o relato de Mestre Leopoldina e sua correspondência gestual com o arquétipo do malandro sr Zé Pelintra, no Centro de Umbanda, pelas ruas e na cidade de Deus, onde Leopoldina mora há mais de 20 anos.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE CAPOEIRA

VOCÊ SABIA QUE?

- Dr. Ruy Gouveia, nos diz que o golpe que Mestre Bimba mais usava era a benção e que o golpe mais difícil de ser executado, em sua opinião, é a banda traçada. (Apostila do M. Suíno)

- Alguns golpes sofrem alteração na nomenclatura de acordo com as regiões do Brasil, grupos de capoeira e ainda pelo estilo.

- A capoeira é um esporte cultural que tem uma função sócio-educativa. A humildade, o companheirismo, amizade e o respeito são valores fundamentais nela cultivados. Portanto, ela não deve ser jogada como uma luta de vale tudo, na qual vale tudo, sem regras e com fins violentos.

- O governo fazia jogo duplo: ao mesmo tempo em que mandava expulsar os capoeiristas, utilizava-os em suas forças militares (RJ, segunda década do séc. XIX.

- O Século XIX marcou seu apogeu. Três foram os grandes centros de capoeiragem a Bahia, o Rio de Janeiro e Pernambuco.

- A capoeira no Recife ajudou a dar origem aos passos do frevo.

- A graduação da Regional (Bimba) é lenço Azul (Formado), Vermelho (especializado), Amarelo (curso de armas) e Branco (Mestre Charangueiro).

- Mestre Waldemar da Liberdade, considerado o maior cantador de ladainhas nas rodas de capoeira da Bahia.

Capoeira a Arte que Libera

Por: Blenda (aluna da Ginga dos Ventos)

Para que a pessoa tenha uma boa auto-estima, primeiramente necessita a mesma se amar do jeito que é fazer algo por ela mesma e não pelos outros, se respeitarem, para que assim as pessoas a notem e a admire.

Muitas pessoas não têm um objetivo, uma perspectiva na vida, com isso a vida acaba se tornando vazia, sem graça gerando a baixa auto-estima.

A dança, a pintura, a leitura, a família, os amigos e os esportes tornam a vida muito mais prazerosa e feliz.

Assim é na Capoeira, a mesma pode oferecer tudo o que foi citado acima e muito mais. Pois ela lhe proporciona “liberdade” do corpo e da mente, onde se pode sentir uma sensação maravilhosa de harmonia, alegria, equilíbrio entre o corpo e a mente. O coração bate ao som do Berimbau, como se fosse um só. O som invade, chama, convida o corpo para dançar, para se perder entre os movimentos e os golpes, fazendo com que se transportasse para outro lugar, onde não haja tristeza, ódio, raiva, mágoa nenhum sentimento desagradável, ruim, somente sentimentos e pensamentos bons.

Essa é a arte da Capoeira, a arte de poder ajudar, acolher pessoas que estejam por problemas difíceis, com depressão e principalmente com a auto-estima baixa a melhorar a qualidade de vida.

E para quem não tinha um sentido, uma perspectiva de vida, pode obter na capoeira, ela está preparada para auxiliar com toda sua cultura, sua arte, dança, expressa, respeito e muito mais.

Trecho do depoimento da aluna Blenda sobre as Professoras Bebezonas.

Espelho-me nas Professoras Bebezonas, pois há respeito, dedicação, sabedoria, conhecimento, amor pela capoeira e pela profissão.

Por mais que eu não consiga cumprir com todos os meus compromissos, procuro me esforçar e me dedicar , pois vejo a dedicação a qual as Professoras Bebezonas tem ao ensinar e a compreensão com os problemas pessoais que os alunos passam, assim prejudicando no desenvolvimento dos treinos.

Com tudo penso que as Professoras Bebezonas tem muitos ensinamentos bons, não só na capoeira, mas como também experiências de vida no geral, para passar para os alunos. Axé!!!

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Besouro Mangangá- Manoel Henrique (1895 – 1924)

A palavra capoeirista assombrava homens e mulheres, mas o velho escravo Tio Alípio nutria grande admiração pelo filho de João Grasso e de Maria Haifa. Era o menino Manuel Henrique que, desde cedo aprendeu, com o Mestre Alípio, os segredos da capoeira que na Rua do Trapiche de Baixo, em Santo Amaro da Purificação, sendo “batizado” como Besouro Mangangá por causa da sua flexibilidade e facilidade de desaparecer, quando a hora era para tal.

Os afamados capoeiras Paulo Barroquinha, Siri de Mangue, Coite, Neco- Canário Pardo, Boca de Porco, Dendê, Gasolina, Espinho Remoso, Maitá, Juvêncio Grosso e Esperidião, deram o que tinha de dar; “Besouro”, entretanto, começava a despontar e os seus atritos, eram principalmente, com a polícia, os “morcegos”, como ele chamava.

Negro forte e de espírito aventureiro, nunca trabalhou em lugar fixo, nem teve profissão definida.

Quando os adversários eram muitos e a vantagem da briga pendia para outro lado, “Besouro” sempre dava um jeito e desaparecia. A crença de que tinha poderes sobrenaturais veio logo, confirmando o motivo de ter ele sempre que carregar “patuá”. De trem, a cavalo ou a pé, embrenhando-se, no matagal, “Besouro”, dependendo das circunstâncias, saía de Santo Amaro para Maracangalha, ou vice e versa, trabalhando em usinas ou fazendas.

Certa feita, quem conta é o seu primo e aluno “Cobrinha Verde” sem trabalho, foi a Usina Colônia (hoje Santa Eliza) em Santo Amaro, conseguindo colocação. Uma semana depois, no dia do pagamento, o patrão, como fazia com os outros empregados, disse-lhe que o salário havia “quebrado” para São Caetano. Isto é não pagaria coisa alguma. Quem se atrevesse a contestar era surrado e amarrado a um tronco durante 24 horas. Besouro, entretanto, esperou que o empregador lhe chamasse e quando o homem repetiu a célebre frase, foi segurado pelo cavanhaque e forçado a pagar, depois da tremenda surra.

Misto de vingador e desordeiro Besouro não gostava de policiais e sempre se envolvia em complicações com os milicianos e não raro tomavam as armas, conduzindo-os até quartel. Certa feita obrigou um soldado a beber grande quantidade de cachaça. O fato registrou-se no Largo da Santa Cruz, um dos principais de Santo Amaro. O militar dirigiu-se posteriormente “a caserna”, comunicando o ocorrido ao comandante de destacamento, Cabo José Costa, que incontinente designou 10 praças para conduzir o homem preso, morto ou vivo.

Pressentindo a aproximação dos policiais, Besouro recuou do bar e encostando-se na cruz existente no Largo, abriu os braços e disse que não se entregava. Ouviu-se violenta fuzilaria, ficando ele estendido no chão. O Cabo José chegou-se e afirmou que o capoeirista estava morto. Besouro então se ergueu, mandou que o comandante levantasse as mãos, ordenou que todos os soldados fossem e cantou os seguintes versos: Lá atiraram na cruz, eu de mim não sei, se caso eu fui eu mesmo, ela mesmo me perdoe, Besouro caiu no chão, fez que estava deitado. A polícia, ele atirou no soldado, vão brigar com caranguejos, que é bicho que não tem sangue. Polícia se briga, vamos pra dentro do mangue.

Manoel Henrique vez por outra vinha a Salvador, mas nunca se acostumou à vida da cidade, preferindo Santo Amaro, onde estavam os seus alunos. As brigas eram sucessivas e por muitas vezes Besouro, tomou partido dos fracos contra os proprietários de fazendas engenhos e policiais. Empregando-se na Fazenda do Dr. Zeca, pai de um rapaz conhecido por Memeu, Besouro foi com ele às “vias de fato”, sendo então marcado para morrer.

Homem influente, o Dr. Zeca, mandou pelo próprio Besouro, que não sabia ler e nem escrever uma carta para um amigo seu administrador da Usina Maracangalha, mandou que liquidasse o portador. O destinatário com rara frieza mandou que Besouro esperasse a resposta no dia seguinte. De gênio alegre e dado as farras, Besouro deixou a casa do administrador Baltazar dirigindo-se para a Zona do Meretrício onde dormiu. Pela manhã, logo cedo, foi buscar a resposta, sendo então cerca de 40 soldados, que incontinente fizeram fogo, sem, contudo atingir o alvo. Como afirmara posteriormente as testemunhas. Um homem, entretanto conhecido por Eusébio de Quibaca (Quibaca era o nome de uma fazenda em Maracangalha), quando notou que Besouro tentava afastar-se gingando o corpo, chegou-se sorrateiramente e desferiu-lhe violento golpe com uma faca de ticum. Depois de ferido Besouro foi conduzido a Santo Amaro da Purificação, saindo de Maracangalha no mesmo dia do fato, um domingo, chegando a sua terra natal, na terça-feira, onde permaneceu durante quinze dias, ainda no Hospital da Santa Casa, a Rua do Caquende. Assistido por amigos e alunos, Besouro morreu quando os capoeiristas cantavam: “Até que enfim mataram o meu Besouro, depois de morto, trancilin cordão de ouro”.

Manoel Henrique, o Besouro Magangá, morreu jovem, com 27 anos, 1924, restando ainda dois dos seus alunos: Rafael Alves França- “Cobrinha Verde”, com academia no Alto da Santa Cruz, em Amaralina – Salvador, Bahia e “Siri de Mangue”, que reside em Itaparica.

Besouro era um exímio tocador de berimbau e uma das músicas de capoeira de sua preledição era esta:

“Quando eu morrer, me enterrem na Lapinha, calça culote, paletó almofadinha”. Que foi cantada pelo seu Mestre, velho escravo, Tio Alípio, que ouviu de seu Mestre.

Hoje, Besouro é símbolo da capoeira em todo território baiano, sobretudo pela sua bravura e lealdade com que sempre se comportou com relação aos fracos e perseguidos pelos fazendeiros e policiais.

Manduca da Praia

Conhecido na Baixada Fluminense (RJ), considerado como homem de negócios, eleitor crônico da freguesia de São José, respondeu 27 processos por ferimentos leves, sendo absolvido por influência pessoal de amigos.

Era pardo claro, alto, reforçado, giboso, usava uma barba grisalha e de cor cobre, usava chapéu castor branco ou de palha no alto da cabeça, de olhos injetados e grandes; de andar compassado e resoluto, inspirava temor e confiança. Trajado com decência, nunca dispensava o casaco grosso e comprido, sapatos de bico revirado, gravata de cor, anel corrediço, trazendo como arma uma bengala fina de cana- da - índia.

Dono da banca de peixe da praça do mercado, era liso em seus negócios, ganhava bastante e vivia bem “com regalo”.

Morador da cidade Nova não recebia influências da capoeiragem local, nem de outras freguesias, fazendo vida à parte, sendo capoeirista por conta própria.

“Destro como uma sombra, foi no curro da rua do lavradio, canto com a do Senado, onde é hoje uma cachoeira de Andorinhas, iniciou sua carreira de valentão e destemido, agredindo touros bravos sobre os quais saltava livrando-se. Nas eleições de São José dava as cartas, fazia o que queria com as cédulas, nos esfaqueamentos e nos farrilhos ninguém ganhava.

Na festa da Penha, o Manduca da Praia bateu-se com tanta vantagem contra um grupo de romeiros armados de pau, que alguns ficaram estendidos e os mais, inutilizados na luta.

O fato mais marcante foi a chegada de um Deputado português Santana na cidade, que gostava de brigas e não recuava nunca, homem distinto e invencível, jogador de pau, dotado de uma força muscular prodigiosa; sabendo de Manduca, Santana o procurou e o encontro dos dois houve desafio, acontecendo aquele saltar dos ares ao primeiro “camelo” de nosso capoeira. “Depois beberam champanhe juntos e continuaram amigos.”

Textos escrito por: Professora Cenira

Data: 16/02/2011

A capoeira me ensinou, que tudo pode se arranjar basta a gente querer, basta à gente acreditar.

Andando pela rua comecei a ouvir um zumbido aqui, um zumbido acolá, parei e prestei atenção, era o tal do berimbau, era o som do berimbau! A me chamar. “Eta” que cantiga linda comecei a comentar , fui chegando de mansinho e ele sempre a me chamar, era a tal da capoeira que nascia de um olhar. Cheguei um pouco mais perto e ela a me ensinar.

Um gesto, um movimento, um canto, a magia! Já comecei a gingar!

Quero fazer de tudo para nunca me separar da capoeira. Capoeira que só me ensina a viver, trazendo a magia no olhar, gingando daqui pra li, gingando de lá prá cá, quero sempre ter comigo essa destreza, esse remelexo, que só a capoeira tem pra me dar.

Capoeira, Capoeira com você quero ficar, quero anoitecer gingando e amanhecer nesse cantar e no decorrer do dia só alegria em meu olhar. Segurando essa energia eu me pego a pensar quando eu te conheci, só tristeza em meu olhar. Por isso hoje eu te amo e quero sempre te amar.

Salve Capoeira Ginga dos Ventos! Axé!!!

DIA DO CAPOEIRISTA

Lei nº 4.649, de 07 de Agosto de 1985
Institui o "Dia do Capoeirista",
a ser comemorado anualmente,
no dia 3 de agosto,
O GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO:
Faço saber que a Assembléia Legislativa
decreta e eu promulgo a seguinte Lei:
Artigo 1º - Fica instituído o "Dia do Capoeirista",
a ser comemorado, anualmente, no dia 03 de Agosto.
Artigo 2º - Esta Lei entrará em vigor na data
de sua publicação. Palácio dos Bandeirantes,
07 de agosto de 1985.
FRANCO MONTORO
Publicada na Assessoria Técnico-Legislativo,
aos 7 de agosto de 1985

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Frases do Livro Capoeira Angola- Mestre Bola Sete

O jogo da capoeira angola é semelhante ao jogo de xadrez, onde a rasteira e/ ou a cabeçada são o cheque mate do angoleiro.

Não importa quantas vezes eu caía, e sim a certeza de levantar sempre com a firme convicção de continuar lutando, em busca de meus ideais e da minha completa realização. Certo de que a melhor ajuda que posso receber vem de mim mesmo, do meu esforço de crescimento, que me proporciona o conhecimento. A determinação é fundamental no comportamento do capoeirista, dentro e fora das rodas de capoeira.

Mestre é aquele que tem plena consciência do seu caminho. Sábio é aquele que já começou a percorrer este caminho. Iluminado é aquele que chegou ao fim do caminho, alcançando o estágio de consciência livre.